Sempre observei as pessoas. Por gostar demais de altura, desde menina, subia nos lugares mais altos que podia, ou conseguia, gostava de ver o mundo de cima, vivia na tentativa de voar. Nunca desisti do meu sonho, e até hoje sonho voando. Também gostava de olhar de baixo. Ficava horas deitada no chão, criando desenhos com as nuvens. Desde a infância, tenho amor pelas fotografias. Sempre fiquei imaginando o que se passa no momento que alguém retrata uma fotografia. Ficaria decepcionada se um dia ''meu bem'' dissesse que nada, nada sentia, mas ele nunca me diria isso. Assim como ele, acredito no amor, antes um amor mais ousado. Mas a vida sensibiliza a gente, e hoje entendo que é algo mais simples. Muitas loucuras já fiz por ele e é engraçado, quando lembro. Não refaria a grande parte, mas também não me arrependo de nenhum. Vivo da máxima de mil vezes não me arrepender de ter tentado, mas como uma boa canceriana que age duas vezes antes de pensar, o contrario disso seria mais complexo pra mim. Vivi. Viajei pouco, com e sem dinheiro, mas conheci lugares lindos. Já cheguei de festa com sapato na mão, dancei na chuva, fiz pedidos a estrelas cadentes, escolhi a praça da minha infância como o lugar mais encantador. Conheci pessoas diferentes, especiais. Aprendi a fazer amigos e a mantê-los. Poucas pessoas afastei da minha vida, mas nunca fecho as portas, caso um dia precisem de mim. E as que amo, sempre terão minha atenção especial. Não cultivo rancor, mas cultivo a distância dos que não me acrescentam em nada. Sou caridosa e desde que descobri isso em proporção demasiada, nas minhas horas de auto-análise, tento ser mais rígida, não é fácil, mas eu tento. Amo minha família. Já tive vergonha de ser ser humano, quando vejo as atrocidades que o homem é capaz. Não suporto políticos. Não suporto a falta de sensibilidade do mundo. Me indigna as pessoas não se importarem. Não sei se meus ideais estão ainda todos comigo ou foram consumidos por essa febre de sempre ser útil de alguma maneira. Quero ajudar pessoas, quero viajar mais, quero sentar com meus filhos e passar um pouco do mundo que eu conheci pra eles. Não que seja muito, mas é o que vivi. Quero humanizá-los num mundo que corre desenfreadamente em sentido contrário.
Penso neles e eles sequer nasceram. Preparo desde já o amor pra eles. Penso se um dia eles vão ler tudo que já escrevi e se vão gostar ou achar cafona. Quero ensinar-lhes um pouco de musica, poesia, livros; sim, livros, pois à pouco esse prazer é o mais novo sabor que quero passar a diante, depois, dar asas pra que eles aprendam por si só, quem sabe voando, olhando de cima ou de baixo, não interessa, interessa que vivam. Sou meio criança e muito adulta, mas as vezes pouco adulta e completamente criança. Perdoo fácil e não é porque sou generosa, mas sim, porque esqueço a raiva. Mas não acho isso uma qualidade. Esquecer a raiva fácil as vezes não é bom.. Não acredito em amor eterno.. felicidade pra sempre, mas acredito hoje que a felicidade se constrói e que o amor é um exercício. Não acredito que somos feitos pra alguém, mas acredito hoje que o amor é algo generoso, é uma troca de cuidados, de sonhos, de cumplicidade. Aprendi
que pra eu fazer alguém feliz eu preciso estar feliz. Nunca me apaixonei por super-homens, mas acho que ser "homem" não é uma questão de idade, mas de opção, ligado ao caráter. Conheci pessoas muito boas que se auto-sabotavam. Conheci pessoas bem crentes que se duvidaram. Conheci quem levantou e aprendeu. Conheci quem desceu e não voltou. Descobri com algumas pessoas o previsível, o tempo muda tudo. Gosto de festa, de gente, adoro gente. Amo demais fotografia, não gosto de boates, adoro uma mesa rodeada de amigos num domingo atoa, jogando conversa fora, e com risos em suas faces. Eu acho que nossas vidas é como o cinema; se você tem um bom roteiro, um diretor sensível e comprometido com o texto, então é de encher os olhos e o coração de qualquer um. Educa o que falta em muitas pessoas, a sensibilidade. Gosto de ver o mundo ouvindo musica, da a sensação que a vida tem um roteiro e uma canção a ser decifrada.
